Webinar Interlegis Educação Midiática reuniu especialistas nas áreas de educação, cultura e comunicação para tratar sobre o uso saudável da tecnologia

A educação midiática como conteúdo transversal, o senso crítico no combate à desinformação e o protagonismo de crianças e jovens neste processo foram alguns dos temas abordados.

 14/12/2020

O crescente avanço das tecnologias digitais somado aos efeitos da pandemia, instaurada no Brasil em março deste ano, têm desencadeado questionamentos quanto aos riscos do uso excessivo das mídias digitais e a necessidade do desenvolvimento de habilidades midiáticas no combate à desinformação.

Para abordar estes desafios, o Interlegis realizou, na última sexta-feira (11), o Webinar “Educação Midiática”, que abre o ciclo de palestras “Bem-Estar Digital: Uso Saudável da Tecnologia”. O evento teve como objetivo ligar especialistas de coletivos que trabalham a Educomunicação (forma de educar através da utilização dos recursos de mídia) e agências de checagem de fatos online ao Senado Federal, para que novas formas de pensar a educação midiática fossem trabalhadas a partir de cases de sucesso vivenciados por esses grupos.

A jornalista e curadora do evento, Diana Leiko, contou o porquê da escolha da Educação Midiática para abrir o ciclo de palestras.

— O tema inaugura este ciclo de debates pois é uma aposta da sociedade no combate às fake news, já que ajuda as pessoas a desenvolverem um senso crítico e a compreenderem que elas também são produtoras de conteúdo, portanto, têm responsabilidade sobre o que vão divulgar e os impactos das suas ações — explicou.

Para o diretor-executivo do Interlegis, Márcio Coimbra, um debate extremamente necessário.

— A educação midiática é um forte instrumento de combate à desinformação no país. Um olhar mais crítico para a enxurrada de conteúdos a que somos expostos diariamente pelas plataformas digitais pode diminuir os riscos de compartilhamento de boatos e informações falsas — afirmou Coimbra.

O encontro reuniu o Senador Flávio Arns (Podemos-PR), Cristiane Parente, jornalista e professora, Carlos Lima, criador do Programa Imprensa Jovem, Douglas Silveira, Diretor de Marketing e Educação da Agência Lupa e André Pasti, professor e integrante do Coletivo Brasil de Comunicação Social – Intervozes. A mediação foi feita por Rui Gonçalves, gerente de Relações Institucionais da Quero Educação.

O senador Flávio Arns, vice-presidente da Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, destacou que a educação midiática é fundamental nos dias de hoje e deve percorrer o caminho dos cidadãos por toda a vida.

— A educação midiática não só para crianças e jovens, mas para todas as idades, está presente na Base Nacional Comum Curricular como um conteúdo transversal importante para sabermos identificar se a informação é fato, se é opinião, se foi produzida para confundir, se é uma fake news, lidar com a poluição informacional, analisarmos, criarmos e participarmos deste mundo digital de forma saudável – avaliou o senador.

 Perguntada sobre como introduzir a educação midiática em uma sociedade com tamanha desigualdade social, a pesquisadora Cristiane Parente avaliou que a partir de uma comunicação horizontalizada é possível alcançar a inclusão digital para uma parcela maior da população.

— A alfabetização midiática informacional trabalha justamente com uma gestão da comunicação para que seja mais horizontalizada para as pessoas. Antes, comunicar era informar, porque tínhamos uma comunicação verticalizada onde poucos falavam para muitos, hoje em dia não faz sentido dizer isso – destacou Parente.

Combate à desinformação

Com os avanços digitais e o crescente número de informações produzidas para as mídias, a necessidade de se checar a veracidade de informações duvidosas disseminadas na internet cresceu. Douglas Silveira, Diretor de Marketing e Educação da Agência Lupa explicou que só a checagem de fatos não seria eficaz em um país tão grande como o Brasil.

— O fact-checking é um trabalho muito reativo e feito após o compartilhamento de informação com algum caráter duvidoso, por isso o LupaEducação surgiu no início de 2017, dentro da Agência Lupa, para criar uma massa de pessoas com senso crítico que pudessem pensar a desinformação e ser mobilizadores do trabalho de checagem – ressaltou.

André Pasti, do coletivo Intervozes, ressaltou que os caminhos para se reverter o uso das mídias para compartilhamento de fake news está justamente em uma educação midiática voltada para a cidadania.

— É importante que a educação midiática seja pensada como uma educação para autonomia, emancipação do senso crítico. Mais do que formar consumidores de mídia, é importante que a gente pense nessa educação midiática como um caminho para formar pessoas críticas e cidadãs – alertou.

A transmissão foi realizada pelo e-Cidadania e canal do Interlegis no Youtube. Para acompanhar a íntegra do evento, clique aqui.