Encontro Interlegis discute efeitos da crise venezuelana no quadro político da América Latina

Cerca de 700 venezuelanos continuam entrando, todos os dias, pela fronteira do estado de Roraima

 

 

O Encontro Interlegis/ILB “Diplomacia – Direitos Humanos, Cidadania e Democracia” fez uma análise do quadro de instabilidade política na América Latina com foco na crise migratória da Venezuela. Cerca de 5 milhões de venezuelanos deixaram o país nos últimos dez anos, segundo dados da ONU. Entre 2017 e 2018, 200 mil venezuelanos chegaram ao Brasil pela fronteira com Roraima e cerca de 98 mil permanecem no país até hoje. Diariamente, ainda entram no Brasil. cerca de 700 pessoas vindas do país vizinho.

Durante a abertura do Encontro, o diretor executivo do Interlegis/ILB, Márcio Coimbra, ressaltou a importância do debate sobre os reflexos da instabilidade venezuelana na institucionalidade brasileira.

- O Interlegis esteve em Roraima, viu a realidade do estado e já trabalha em parceria, tanto com a Escola do Legislativo de Roraima, como também com a Câmara Municipal de Roraima, com vistas a buscar soluções para um problema tão agudo que atingiu o estado -, declarou.

O jornalista Leonardo Coutinho, autor do livro “Hugo Chávez: o espectro”, foi convidado para fazer a abertura oficial do evento. Leonardo fez duras críticas ao governo de Hugo Chávez e Nicolás Maduro. O jornalista declarou que novas maneiras de lidar com o colapso gerado por esse governo devem ser pensadas e colocadas em ação.

- Estamos diante de algo muito complexo, que deixamos crescer em nosso jardim, e os efeitos disso estão dentro do nosso continente, por isso é necessária que essa relação seja tratada não com intervenção militar, não com guerra convencional, e sim com criatividade –, expôs.

O painel de debates foi montado com a mediação de Renan Barbosa, da Vortex Media. O grupo de debatedores foi formado pela Advogada da União, Viviane Vieira, o professor adjunto da Universidade Federal de Roraima (UFR), João Carlos Jarochinski, o jornalista e apresentador do canal Terça Livre, Alan dos Santos, e o assessor do Ministério das Relações Exteriores (MRE), João Marcelo Galvão.

O Encontro contou, ainda, com a participação por videoconferência do Coronel do Exército e instrutor do corpo permanente do Instituto Internacional de Direito Humanitário (IIHL), Eduardo Bittencourt.

O representante do MRE enfatizou a importância de debater um assunto tão atual e sensível. João Marcelo afirmou que são necessárias frentes de pressão contra esse regime.

- O Brasil não pode mais ser leniente ou compactuar com os ataques à democracia e aos direitos humanos da população venezuelana -, declarou o assessor.

Enriquecendo o debate com um panorama de quem vivenciou o fluxo imigratório que tem ocupado Roraima desde 2015, o professor João Carlos Jarochinski traçou o contexto da crise migratória e afirmou que a demora por uma resposta efetiva por parte das forças governamentais gerou um aumento da situação de vulnerabilidade para os refugiados.

- Em média, os venezuelanos perderam 11 quilos desde o começo da crise e isso, obviamente, gera algumas demandas, principalmente do primeiro setor, que é o setor de saúde. Somente em 2018, com uma pressão inclusive internacional que exigiu do Brasil uma resposta em relação a isso, surge a Operação Acolhida, que tem conseguido resultados bastante expressivos, principalmente na questão emergencial -, relatou Jarochinski.

A venezuelana Yosselin Urbina esteve presente na plateia do Encontro. Ela conta que era profissional de Recursos Humanos e teve que deixar seu país em 2017.  Yosselin elogiou a iniciativa do Interlegis e a Operação Acolhida do Governo Federal, mas afirmou que os imigrantes sofrem com a falta de informação sobre as leis brasileiras. Segundo ela, com mais conhecimento, os venezuelanos podem se tornar uma solução de mão de obra e não apenas um problema humanitário para o Brasil.

Acompanhe a íntegra do Encontro Interlegis “Diplomacia, Direitos Humanos, Cidadania e Democracia” pelo Youtube.