Diretores do Google Brasil prestarão contas de abusos no Orkut


08/04/2008 Agência Senado

Pela primeira vez desde que se instalou no Brasil, em novembro de 2004, o Google, maior serviço de buscas na Internet, prestará contas de seus atos publicamente. Será nesta quarta (9), às 9h, perante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pedofilia do Senado Federal, que investiga a hospedagem no Orkut de milhares de páginas com material pornográfico envolvendo crianças e adolescentes.

 

Serão ouvidos, na condição de convocados, o diretor-presidente do Google Brasil, Alexandre Hohagen, e o diretor de Comunicação da empresa, Félix Ximenes. Como convidados à mesma reunião, estarão presentes o delegado da Polícia Federal Carlos Eduardo Miguel Sobral, o procurador da República no estado de São Paulo, Sérgio Gardenghi Suiama, e o presidente da organização não-governamental Safernet Brasil, Thiago Tavares Nunes de Oliveira.

 

Tavares e Suiama têm trabalhado juntos na investigação de denúncias de crimes na Internet em geral e na rede social Orkut, lançada pelo Google em janeiro de 2004. A SaferNet encaminhou ao Ministério Público 55.908 mil denúncias de páginas de pedofilia publicadas na Internet - sendo 17.148 em 2006 e 38.760 em 2007.

 

Conforme disse Tavares à CPI no último dia 3, cerca de 90% das denúncias sobre abusos de direitos humanos na Internet estão relacionadas a publicações feitas no Orkut, das quais 40% dizem respeito à pornografia dirigida às crianças e aos adolescentes. No primeiro trimestre deste ano, foram denunciadas 13.375 páginas de pedofilia diferentes na Internet em geral, um crescimento de 100,04%. No Orkut, especificamente, as páginas denunciadas crescerem 107,82%.

 

O Google Brasil tem guardado sigilo sobre o conteúdo do Orkut alegando que as denúncias dirigiriam-se ao Orkut, serviço sob a responsabilidade do Google Inc, com sede nos Estados Unidos, em relação ao qual o escritório brasileiro não teria poder. A empresa alega que sequer teria acesso ao banco de dados de usuários do Orkut, que no Brasil contaria com 23 milhões de pessoas, segundo o site Wikipédia.

Insatisfeitos com a posição do Google Brasil, procuradores como Suiama e diversos juízes estão pressionando o buscador a abrir seus dados.