Pós graduação do Unilegis vai discutir crenças e valores brasileiros

Jornalistas e cientistas políticos debatem nesta segunda-feira (3), no auditório do Interlegis, o papel das diferenças de escolaridade como fator determinante das desigualdades no Brasil.Para assistir por videostreaming, basta clicar no link dentro da matéria

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No dia 3 de dezembro, a partir das 18h, no auditório do Interlegis, Senado, o antropólogo Roberto da Matta, o cientista político Lúcio Rennó e jornalistas convidados debatem com o autor do polêmico livro A Cabeça do Brasileiro, Alberto Carlos de Almeida, entre outros temas, o papel das diferenças de escolaridade como fator determinante das desigualdades no Brasil. A publicação analisa, do ponto de vista sociológico, a Pesquisa Social Brasileira realizada pela Universidade Federal Fluminense, com recursos da Fundação Ford. O evento faz parte dos Ciclos de Conferências promovido pela Universidade do Legislativo, do Senado Federal.

Em reportagem do jornal O Estado de São Paulo, publicada em 26 de agosto último, o sociólogo Alberto Carlos de Almeida afirmou que a sua análise concluiu que “quanto mais baixa a escolaridade, maior a tolerância do brasileiro com a corrupção, que não existe, portanto, por culpa exclusiva de uma elite política perversa, mas é aceita por amplos segmentos da sociedade”.

O livro A Cabeça do Brasileiro mostra que a educação é o grande corte social e ético do Brasil: os 57% de brasileiros que têm até o ensino fundamental são mais autoritários, mais estatistas e revelam menos valores democráticos; à medida que a escolaridade aumenta, os valores melhoram - o que, prova, segundo o autor, que a educação é a principal matriz a transmitir valores republicanos às pessoas.

Almeida apurou que a tolerância à corrupção se confunde com a aceitação do ''jeitinho'': ''O 'jeitinho' é a ante-sala da corrupção'', afirmou ele. O diagnóstico do autor é que, para ampliar seus valores, ter mais democracia e se tornar um País mais liberal (não no sentido ideológico, mas nos valores republicanos), o Brasil deve investir maciçamente em educação para mudar a sua pirâmide social: ''Uma classe média majoritária será a maior barreira contra a corrupção'', diz Almeida.

Por outro lado, o jornalista Cláudio Gonzalez, publicou no portal na internet do PCdoB um artigo em que denuncia que o livro de Alberto Carlos Almeida “destila preconceito contra pobres”, pois o autor “sustenta a tese de que as pessoas com ''nível superior'' têm uma contribuição maior e melhor a dar ao país do que aquelas que ''não têm nível superior''. Segundo o jornalista, induz-se que “a parcela mais educada da população é menos preconceituosa, menos estatizante e tem valores sociais mais sólidos”, classificando o livro como ''preconceito puro''.

Trata-se, portanto, de um debate que vem despertando muita polêmica, não só nos meios acadêmicos, como também na mídia e entre os agentes políticos.

A Vice-Reitora Acadêmica da Unilegis, Vânia Maione, lembra "os Ciclos de Conferências foram criados há quatro anos, justamente para que os colegas do Senado travem um contato mais imediato com pensadores e cientistas, cujos trabalhos sejam relevantes no sentido de contribuir para o aprimoramento da atividade político-parlamentar".

Neste caso específico, os alunos da pós-graduação da Unilegis também serão beneficiados, pois o evento antecipará um dos encontros da disciplina Seminários dos cursos de Ciência Política, Comunicação Legislativa e Direito Legislativo.