Cidades brasileiras estão fora dos padrões de qualidade do ar

A Organização Mundial de Saúde (OMS) divulgou estudos que comprovam que a maioria das cidades brasileiras estão fora do padrão de qualidade do ar.


Todos os grandes centros urbanos do Brasil estão fora dos novos padrões mundiais de qualidade do ar, anunciados no último dia 5 de outubro pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

A constatação é de Paulo Hilário Nascimento Saldiva, diretor do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP. "O que a gente imaginava que fosse uma qualidade de ar boa, na verdade não é mais", alerta o médico patologista.

Paulo Saldiva e Nélson da Cruz Gouvêa, da FMUSP, foram os únicos pesquisadores brasileiros, especializados em poluição atmosférica, a participar do comitê da Organização Mundial de Saúde, que alterou os níveis mínimos recomendados para a poluição do ar em todo o mundo. A reunião do comitê foi realizada em outubro do ano passado, em Bonn, na Alemanha, mas somente agora a OMS divulgou os novos índices.

Pelos novos índices, a média diária recomendada para partículas inaláveis foi reduzida a um terço: passou de 150 µg/m3 (microgramas por metro cúbico) para 50 µg/m3. O ozônio baixou de 160 µg/m3 para 100 µg/m3 a média de 1 hora máxima.

O dióxido de enxofre teve a média diária reduzida de 100 µg/m3 para 20 µg/m3.

O dióxido de nitrogênio não sofreu alterações, permanecendo o índice de 200 µg/m3 para a média de 1 hora máxima. Outros poluentes não foram avaliados.

Na avaliação de Saldiva, a poluição do ar já deixou de ser apenas um problema ambiental e passou para a esfera da saúde pública. "A má qualidade do ar comprovadamente reduz a expectativa de vida, aumenta a mortalidade, leva ao abortamento e eleva os riscos de doenças cardíacas e de câncer", afirma o patologista.

Os novos padrões de qualidade do ar definidos pela Organização Mundial de Saúde, porém, dependem de decisões de cada governo para serem implementados. (Com informações da USPOnLine).